segunda-feira, 28 de maio de 2012

Reportagem do Jornal Zero Hora 28/05/2012


Como lidar com a gastrosquise
Lara Ely



     O caso da estudante de Direito Camila Bento, 22 anos, leitora do Meu Filho, trouxe à tona um problema complicado: a gastrosquise. Trata-se de uma malformação que ocorre com o feto ainda dentro da barriga da mãe, em que há defeito de fechamento da parede do abdôme próximo ao umbigo. Como as vísceras, principalmente o intestino fetal, ficam para fora do corpo, é preciso operar o bebê logo no primeiro dia de vida. 
     Camila teve um filho com a doença.A descoberta veio em um exame de ultrassom perto do quarto mês de gravidez. Entre os cuidados durante a gestação, Camila teve de evitar esforço físico. No dia do parto, o bebê fez a cirurgia para colocar o intestino para dentro. Hoje o filho está quase com três anos e é uma criança normal. Mas até chegar a esse estágio, Camila teve de batalhar por informações mais específicas. 
   Camila optou por passar o restante da gravidez indo a Porto Alegre, para ter um acompanhamento mais qualificado. Também decidiu criar um blog para compartilhar cada nova informação com outras mães.
– Os próprios médicos divergem quanto ao tratamento. Há alguns que tratam a doença de forma normal, outros são muito rigorosos. – afirma Camila.
    A maioria das crianças com gastrosquise tem crescimento e desenvolvimento normais após o tratamento no período neonatal. Segundo o cirurgião pediátrico e professor de Cirurgia da Faculdade de Medicina da UFRGS, José Carlos Fraga, alguns pacientes podem apresentar azia, com necessidade de tratamento clínico:
  – O prognóstico a longo tempo é geralmente excelente. Se a criança tiver malformação intestinal associada à gastrosquise, o prognóstico pode ser pior pelo risco maior de infecção devido ao retardo de funcionamento intestinal e ao uso de nutrição parenteral (que complementa ou substitui a alimentação via oral).
    Médica pediatra e especialista em gastroenterologia, Raquel Borges Pinto confirma que ainda há dúvidas sobre a doença. Segundo ela, a causa da gastrosquise não é bem conhecida:
   – Parece estar relacionada a um defeito na formação ou ruptura da parede abdominal que ocorre durante o período de formação do embrião, com consequente saída do intestino para fora do abdôme. Fatores como a baixa idade materna, primeira gestação, uso de medicamentos vasoconstrictores, drogas, álcool e tabagismo também estão associados.
     O tratamento cirúrgico pode ser feito de duas formas. No primeiro tipo, as alças intestinais são recolocadas para dentro do abdôme e a parede abdominal é fechada. No segundo, uma tela é usada, e o intestino é colocado para dentro de forma gradual. 
     Após a cirurgia de correção, explica a médica, é necessário um período de jejum em que o bebê recebe alimentação pela veia.Quando tiver condições clínicas, é então iniciada a alimentação por sonda e,após,via oral.
                                                       
Malformação ocorre
com o feto ainda na
barriga da mãe e
provoca defeito de
fechamento da parede 
do abdôme




            Saiba mais sobre a doença  
                                             
Quais fatores estão relacionados?
 Gestante com idade abaixo de 20 anos, primeira gestação, baixo índice de massa corporal e uso de drogas vasoconstrictoras, aspirina, ibuprofeno, fumo, drogas e álcool.

Há muitos casos de reincidência na mesma família?
É conhecido um maior risco de recorrência em famílias de crianças com gastrosquise.

Existem hospitais especializados?
Os bebês portadores da doença devem ser acompanhados em hospitais com Unidade Intensiva Neonatal, onde podem ser cuidados por uma equipe multidisciplinar com neonatologistas, cirurgiões pediátricos, gastroenterologistas pediátricos e fonoaudiólogos. A mãe deve procurar esse local durante a gestação.


Quais são as complicações?
As principais ocorrem naqueles pacientes com gastrosquise complexa (associada a outras malformações no trato digestivo), que costumam ter mais complicações digestivas, respiratórias e infecciosas. Também podem ocorrer problemas relacionados à necessidade de reintervenção cirúrgica devido a aderências do intestino, distúrbios de motilidade do intestino e problemas no fígado se o paciente necessitar uso prolongado de nutrição parenteral (pela veia).


Quais as perspectivas de vida no Brasil e no mundo?
Em países desenvolvidos, a sobrevida de bebês com gastrosquise costuma ser superior a 90%. No Brasil, existem poucos estudos que avaliam a taxa de mortalidade. De acordo com esses estudos, varia de 12% a 60,8%.


Leia depoimentos de Camila e de outras mães no blog www.gastrosquise-onfalocele.blogspot.com

2 comentários:

  1. Amiga, pelo menos vale como divulgação. Primeiro as mães vão chegar para ler essa matéria, depois é só a gente explicar melhor...

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  2. VAMOS DEIXAR CLARO QUE APESAR DE EXISTIREM ESTUDOS SOBRE ESSAS CAUSAS, NÃO É NADA CONFIRMADO.. AO CONTRÁRIO DO QUE DIZ NA REPORTAGEM!

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